terça-feira, 22 de setembro de 2009

DIRETO DO BLOG DO BONI

FAZER TELEVISÃO É FÁCIL. COMUNICAR É DIFíCIL.


Criar cenários, iluminar, cortar, gravar, editar, etc…
etc são funções artísticas importantes e fundamentais na produção
de um programa de televisão.

Mas todas elas, mesmo executadas com perfeição,
não fazem necessariamente um bom programa.
Uma boa produção é indispensável, mas não é tudo.

Julio Gouveia, o pioneiro produtor de televisão,
dizia com propriedade que se um livro
fosse muito interessante
ele resistiria a uma boa leitura frente as câmeras,
sem um corte sequer, sem qualquer produção.
Bastaria um narrador competente.

Infelizmente, os recursos de produção
fazem alguns profissionais
acreditarem que forma
é mais importante do que conteúdo.
O espectador não é bobo.

Não adianta apostar em móveis, cadeiras,
escadas, elevador que não vai a lugar algum,
carros, barcos, novidades tecnológicas,
cenários mirabolantes,cidades fantásticas,
desertos, rios e montanhas.

Também não adianta berrar com quem está em casa
porque se baixa o volume, muda de canal ou,
simplesmente, desliga. Nem gritos, nem sussurros.

E é bom lembrar que bater palmas para o próprio umbigo
é tão ridículo como uma “merchandising” mal feita.
O que importa é a capacidade de comunicar.
É não ser egoísta pensando no produto
apenas como mais um produto.

É fundamental pensar em quem está do outro lado,
em casa, com o controle remoto na mão.
Não basta um produto bem realizado.
É preciso que ele seja realizado para quem vai ver.
Que interesse e… muito.
E que seja capaz de prender o interesse.
Que tenha potencial para durar o tempo
para o qual foi projetado, para não encher linguiça.
Minutos, horas, meses ou anos.

O Max Nunes quando lhe apresentavam um novo programa,
sapecava: Me conta como vai ser o décimo segundo.
Um programa bom pode resistir ao tempo,
mas não pode ser como um restaurante velho “sob nova direção”.

Ou aquele sabão de sempre “agora em nova embalagem”.

Uma novidade formal é bem vinda,
mas não pode ser anunciada, promovida e alardeada
como se fosse a descoberta da pólvora.
Basta que seja percebida.
Só vale a pena botar a boca no mundo
e dar tiro de canhão se a novidade for de conteúdo.

Nereu Bastos, na velha TV Tupi,
quando algum produtor exagerava nos pedidos de materiais,
costumava retrucar: Pergunta na sua casa se alguém já ligou a TV
para ver o sarrafo da TV Rio, o pano da Tv Excelsior ou
a mesa da Globo?

Um exagero do Nereu, mas com um fundo de verdade.
O que se quer ver mesmo é alguma coisa
que atravesse a tela do televisor e mexa com a gente.
Fazer televisão é fácil. Comunicar é difícil.

Boni

PS: É por isso que ele é o que é.